O Alentejo…
Sinto-me feliz, duplamente feliz, por haver alguém que adora o Alentejo e o sente como um tesouro secreto e por esse alguém ser a minha querida neta Inês, que me enviou esta foto e este texto que não resisto a publicar.
« O Alentejo sente-se sempre como um tesouro secreto que mais ninguém ainda descobriu. Sou eternamente grata de o ter aqui tão perto.
Comecei com a mania das listas daquilo com que me entreter aos 7, um inventário completo aos 13, e aos 16 escrevi os sítios que eram meus e onde um dia levaria um grande amor.
Este fim de semana lembrei-me por que é que lá na lista escrevi o meu Alentejo. Lembrei-me das férias enormes no monte da minha (bis) Avó Manuela, eu com o meu avental e regador pequeninos, a ajudá-la a regar as malvas, as rosas e os amores perfeitos do jardim. De enxotar os perus do tampo do poço e às vezes a vê-los serem “pescados” com uma cesta. De descansar na sombra atrás do monte numa cadeirinha de madeira, a sentir o cheiro da hortelã selvagem. De lanchar à camilha, a manteiga a derreter nos bolos fintos torrados, o queijo muito seco cortado fininho, a caneca com leite das vacas do Tio Vasco, acabado de ferver. De adormecer tarde a ler os livrinhos da Mónica, a ouvir o barulho dos grilos, das galinhas, dos bezerros. Das noites quentes de Verão em que era assistente do meu Avô António Zé e apanhávamos insectos com um lençol branco e caixinhas de fósforos. Dos sítios de onde somos para sempre.»
Texto e foto de Inês Maldonado.
António José Zuzarte, Costa da Caparica, 2 de Maio de 2016.