O Outono Partiu
Uma folha seca caída no chão, como uma mão aberta, com os seus cinco dedos, é a marca de um Outono que ainda agora acabou…mas muitas mais folhas caem todos os dias da nossa Vida…tantas mãos abertas pedindo uma esmola, o pão para comer, a roupa para se vestirem, um carinho, uma palavra, um afecto, como uma carícia, na esperança de uma Vida melhor que tarda em surgir… uma lágrima escorrendo por uma face magra, saída de uns olhos negros, tristes, pedintes de amor…tantas mãos que se fecham e não partilham…tantas mãos gananciosas que desprezam e esquecem o que se passa à sua volta.
Num mundo em guerra onde, todos os dias, morrem tantos inocentes que só o que procuram é a Paz e um lugar melhor para criarem os seus filhos e vê-los crescer, com alegria e com possibilidades de um futuro seguro, os Homens não encontram forma de se entenderem. Os interesses que estão por detrás de tudo isto são sempre os mesmos…sempre os negócios, a ganância desmedida, o petróleo, os cifrões. E os outros, aqueles que são explorados por dirigentes corruptos, de ditaduras ferozes, onde a falta de água potável, de alimentos, de tudo, conduz à morte de milhares de crianças? Para onde estão a olhar os países ditos civilizados? Esquecem tudo isso como se nada se estivesse a passar…estão longe e esquecidos esses povos que não têm riqueza que dê lucros imediatos. Tantos locais onde nunca houve Primavera, Esperança, uma luz no fundo do túnel.
Um Outono que partiu, e o Outono da minha Vida, que me lembra todos os dias que estou vivo ainda, e tenho que partilhar, porque só assim a Vida que me resta tem sentido…Deixem-me ser livre, voar nos meus sonhos, e soltar do meu peito os desejos de Paz e de Amor, nesta altura em que todos dizem que foi Natal, e que será todos os dias se os Homens quiserem.
António José Zuzarte, Costa da Caparica, 14 de Dezembro de 2016.