O Projecto270
Quando se define algo delimita-se uma fronteira. Dessa fronteira nasce a exclusão, elabora-se um produto, nasce a mercadoria. A capacidade emancipadora de reclamar a vida perde-se.
Existe uma paisagem que difere do modelo vigente. Que está para além da tal linha de fronteira. Uma paisagem que pode ser vivida e
habitada, onde deixa de haver definição, porque sendo vida é transitória, mutável.
No Projecto270 é nessa paisagem que trabalhamos. Trabalho este que deixa de ter um carácter de produção para ser um movimento da vida.
Deparamos com a possibilidade de renúncia à forma produtiva de agricultura violenta, evitando assim o modelo da agricultura química de síntese, base do sistema em que vivemos. Reflectindo acerca do modo de habitar um biótopo como a Costa da Caparica e nas interligações possíveis de criar. Observar o horizonte para a Costa da Caparica numa realidade fortemente marcada pelas Alterações climáticas, perda de diversidade e homogeneização de pensamento.
Fruto da observação desse horizonte, o Projecto270 tem vindo a desenvolver interconexões, interligando as principais actividades da
comunidade da Costa da Caparica (Mercado da Costa da Caparica, restauração, educação, pesca e agricultura).
Através de um processo de recolha de várias toneladas de matéria orgânica, encontra-se a base para um sistema de dinamização da
vida. Esta matéria orgânica é energia que alimenta o que vemos e o que não vemos: porcos, aves, minhocas, bactérias e micróbios. E que através da sua acção possibilita a dinamização do solo, da vida.
A relação que se estabeleça com o solo, será a que, permitirá germinar uma sociedade sem violência, e a transformação profunda
da realidade da Costa da Caparica.
O Projecto270 desenvolve-se a partir da parcela agrícola de Tânia Simões, nas Terras da Costa perto da Praia da Rainha.