Guerra Colonial no Teatro de Almada

As feridas do passado e presente dos soldados à força na Guerra Colonial dão tema à peça “Um gajo nunca mais é a mesma coisa”, que a Companhia de Teatro de Almada (CTA) repõe em outubro, nesta cidade.

Com texto e encenação do diretor artístico da CTA, Rodrigo Francisco, “Um gajo nunca mais é a mesma coisa” regressa ao palco da sala Experimental do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB), de 1 a 31 de outubro, depois de aí ter sido apresentada em julho, após a estreia no 38.º Festival de Almada.

Protagonizada por Luís Vicente, da coprodutora ACTA (A Companhia de Teatro do Algarve), no papel de um ex-combatente, a peça constitui “uma oportunidade para refletir, para olhar para a história, para ter dados históricos e para perceber o que é que se passa com estes homens que estão a chegar ao limiar das suas vidas, e de que forma é que encaram esse passado de participação na guerra colonial”, disse Rodrigo Francisco à agência Lusa, quando da estreia, em julho.

Para Rodrigo Francisco, o projeto impôs-se porque, apesar de ter assistido a alguns espetáculos sobre a Guerra Colonial, nunca ficou “inteiramente satisfeito com a forma como a perspetiva dos ex-combatentes portugueses era tratada”: “As abordagens não proporcionavam a atenção que estes homens merecem por parte da sociedade [portuguesa]”.

Para o encenador e diretor da CTA, dizer que “o conflito colonial era uma coisa de pretos contra brancos é uma adulteração da verdade histórica”, sublinhando que a guerra “não era uma questão racial”. “É claro que os africanos eram [tratados como] cidadãos de segunda, isso nunca está posto em causa, mas a realidade é muito mais complexa do que a forma como muitas vezes somos tentados a olhar para ela num sistema binário de sim e não”, concluiu.

O racismo, a globalização e o fantasma cada vez mais presente da extrema-direita são outros dos vértices em que se move “Um gajo nunca mais é a mesma coisa”.

Com cenografia de Céline Demars e figurinos de Ana Paula Rocha, a interpretar estão também Afonso de Portugal, que assina a música, João Farraia, Pedro Walter e Lara Mesquita.

A reposição de “Um gajo nunca mais é a mesma coisa” assinala ainda o regresso da iniciativa “Conversas com o Público” ao TMJB, a realizar todos os sábados de outubro, às 16h.

por Lusa

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