Praia Campista

CAMPISTAS NÃO VÃO PODER DORMIR (DESCANSADOS) NA PRAIA

Incendiada pela infeliz vítima no incêndio de um parque de campismo, a polémica reacendeu-se sobre as condições existentes e as suas localizações. Cinco alvéolos arderam na sua totalidade e três parcialmente. O dispositivo de socorro contou com 16 veículos e 37 operacionais para resolver o incidente em 30 minutos.

A notícia, proveniente de uma conferência de imprensa dada às televisões no local com Francisca Parreira, vereadora da Câmara Municipal de Almada, acompanhada por José Ricardo Martins, presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, assumiram três coisas fundamentais e, parafraseando Francisca Parreira, “com clareza e frontalidade.”

A primeira é que há parques que não cumprem as regras de segurança. A segunda é que caso esta situação não seja corrigida, serão encerrados. A terceira é que existe neste executivo a intenção de transferir os parques para outro local e que já o tinham informado às direções dos parques.

“É um processo longo, de diálogo, que já iniciámos. Relativamente a questões de segurança, elas são prioritárias e as regras têm que ser cumpridas. A Câmara está pronta a ajudar em tudo o que for necessário para a implantação das transformações que sejam necessárias, mas as regras de segurança são para cumprir rigorosamente”.

Há muito que são comentadas infrações, especialmente nas distâncias entre equipamentos e na largura dos acessos, mas foi a vereadora quem confirmou ter-se realizado uma inspeção, que incluiu a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que detetou irregularidades, tendo já notificado os parques.

Relativamente à transferência dos parques, a sua obrigatoriadade é ditada pela aprovação do Plano de Ordenamento da Orla Costeira, que dita a necessidade de recuar pessoas e bens da linha do litoral. No entanto, em 2018, a resistência do INATEL e do Clube de Campismo de Lisboa contra o processo de desocupação dos parques, aprovados desde 2010 pela CostaPolis, ainda se arrastava em tribunal,.

Campismo ou segunda

habitação?

O campismo é uma presença constante em todas as praias nacionais, mas quan­do está próximo de zonas urbanas é frequente ser segunda habitação. Mesmo quando não são no litoral.

Na Costa da Caparica existem presentemente sete parques de campismo: quatro a norte: INATEL, CCL, GNR, PNEC (Escotismo) e três a sul, CCC Almada, CCLisboa e Piedense, da SFUAP. E não é preciso recuar mais de 50 anos para ver a explosão do campismo por todo o lado, na praia, nas matas, à beira da estrada… apesar dos parques já existentes.

A verdade é que os campistas estão nas primeiras linhas dos amantes da natureza e, naturalmente, da praia. Frequentam as nossas praias desde o alvor daquela prática em Portugal e não admira a sua presença tão clara nas nossas praias. Já há muito tempo que, além do campista da natureza, multiplicou-se o campista de conveniência, explorando uma forma mais barata de alojamento, mas ainda assim cómoda – e próxima da natureza. 

Esse crescimento leva alguns especialistas a considerar que a grande maioria dos parques aqui existentes não são de campismo, mas de segunda habitação.

As implicações são profundas. Os parques têm raízes na perceção do campismo como um desporto, uma atividade saudável, que leva o Estado a ceder terrenos para a sua prática, numa época em que o campismo e a própria praia eram pouco procurados.

Por outro lado, era pública a preocupação dos executivos anteriores ao direito de acesso à praia pela população economicamente menos favorecida.

O CostaPolis, cortou a direito e planeou a remoção de quatro parques associativos para uma única zona junto à Aroeira, o Pinhal do Inglês. Acabou tudo em tribunal e acabou com o CostaPolis, que contava com o capital de vendas e concessões para financiar o resto das obras.

Notícias da Gandaia

Jornal da Associação Gandaia

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