Prémios Literários
Os escritores António José da Costa Neves e Rui de Almeida Paiva venceram, o Prémio Literário Cidade de Almada de romance e do Prémio Maria Rosa Colaço de literatura juvenil, respetivamente.
A obra “Sem Pavor, o cão do Giraldo”, de António José da Costa Neves, venceu o 32.º Prémio Literário Cidade de Almada, este ano dedicado ao género romance, e “A história com ninguém (e com Alguém)”, de Rui de Almeida Paiva, venceu a 15.ª edição do Prémio Literário Maria Rosa Colaço, dedicada a obras de literatura juvenil.
Almeida Paiva é autor de obras para a infância e juventude como “O Ploc do Pollock”, dedicada ao expressionismo abstrato de Jackson Pollock, com que conquistou o prémio Matilde Rosa Araújo, e “Interrupção (Pausa para intervalos)”, que este ano pôs em cena. É também o realizador do documentário “A Ilha Invisível”, estreado há dois anos, no DocLisboa, sobre as Terras da Costa, um bairro escondido entre a arriba e o mar da Costa da Caparica, formado por barracas de chapa, cartão e madeira.
Costa Neves, que publica desde a década de 1980, fora já distinguido com o prémio literário Cidade de Almada em 2006, pelo romance “Mataram o Chefe de Posto”. Recebeu igualmente os prémios revelação Manuel Teixeira Gomes, Paul Harris, o prémio de Poesia e Ficção de Almada e o prémio Joaquim Mestre, da Associação de Escritores do Alentejo.
A esta edição do Prémio Cidade de Almada, candidataram-se 56 obras originais, segundo a câmara.
Sobre a obra vencedora, o júri disse tratar-se de “um romance que alia História e ficção de um modo criativo”. “Centrando-se no século XII e nas lutas por território entre cristãos e muçulmanos, este romance conjuga fatalidade histórica, ironia narrativa e imaginação propriamente literária”, lê-se na ata dos jurados.
A obra remete para Geraldo Geraldes, que morreu em 1173, apontado como o líder da conquista de Évora, em 1165.
“A figura de Geraldo Geraldes Sem Pavor emerge como protagonista do universo violento da época, sendo mesmo designado ‘o cão do Giraldo’ pelas populações árabes. A tragédia pessoal deste narrador/observador/comentador da História acompanha as múltiplas mortes e vozes do seu século, nomeadamente Afonso Henriques, que viria a ser rei”.
António José da Costa Neves usa, habitualmente, o pseudónimo literário E.S. Tagino, é natural de Grândola, no Baixo Alentejo, e reside há mais de 40 anos em Almada, adianta a câmara municipal.
As suas coletâneas “Contos da Serra e da Planície” e “Alma Alentejana e Outras Histórias”, venceram, respetivamente, os Prémios Literários Alves Redol, em 2019, e Fialho de Almeida, em 2020. Este ano, foi também distinguido com o Prémio Miguel Torga/Cidade de Coimbra.
Licenciado em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Costa Neves foi Bolseiro da Câmara de Grândola e da Fundação Calouste Gulbenkian. Os seus livros têm sido publicadas pela editora Saída de Emergência. Sob o pseudónimo E.S. Tagino publicou “Mataram o Chefe de Posto”, “Nem por Sonhos”, “Arquivo Morto”, “Mea Culpa!”, “O Pequeno Incendiário”, “Adamastor”, “Abaixo de Cão”, “O Amor nos Anos de Chumbo”, “Um Certo Incerto Alentejo”. Os romances históricos “O Implacável Cerco de Almada” e “Sangue de Portugal” são as únicas obras assinadas com o nome próprio.
Quanto ao Prémio Literário Maria Rosa Colaço candidataram-se 62 obras originais, segundo a autarquia de Almada.
“A história com ninguém (e com Alguém)”, de Rui de Almeida Paiva, é, segundo a ata do júri, uma “narrativa [que] alimenta uma reflexão sobre identidade e alteridade recorrendo a construções retóricas paradoxais e do absurdo. A progressão narrativa mantém a coerência e o equilíbrio diegético”.
Rui de Almeida Paiva, natural de Lisboa, tem trabalhado para diversos projetos de teatro, dança e cinema.
É autor de cerca de uma dezena de títulos, como “Quem vem lá”, “A mala rápida do senhor parado”, “Quem viaja encontra os segredos antigos mas perde os sapatos novos”, “Canções de Embalar Belos Planetas Cansados” e “Os Dois Cavalos de Turim”, publicado já este ano, que assinou com Joana Bértholo.
Em 2017 iniciou colaboração teatral com Bruno Humberto, pondo em cena textos como “O Ploc do Pollock”, “O Sequestro”, “A Vila”, e “Interrupção (Pausa para Intervalos)”.
Em 2011, em parceria com Sofia Gonçalves, fundou a editora Dois Dias Edições.
O Prémio Literário Cidade de Almada, atribuído anualmente, “tem como objetivo promover e incentivar a criação literária, distinguindo obras inéditas em língua portuguesa”. Em ano par, o prémio é dedicado ao género romance; em ano ímpar, à poesia.
O Prémio Literário Maria Rosa Colaço, por seu turno, também anual, visa “homenagear esta escritora de literatura infantojuvenil, distinguindo obras inéditas em língua portuguesa”. Em ano par, é dedicado a literatura juvenil; em ano ímpar, à literatura infantil.
O júri do Prémio Literário Cidade de Almada foi constituído pelos escritores Dulce Maria Cardoso, representante da Câmara de Almada, e José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores, e por Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários.
O júri do Prémio Literário Maria Rosa Colaço foi composto por Luísa Fortes da Cunha, pela Câmara de Almada, Andreia Alexandra Brites, representante da Secção Portuguesa do Conselho Internacional sobre Literatura para Jovens, e por José Manuel Mendes.
O anúncio e a entrega dos prémios realizou-se hoje à noite na Sala Pablo Neruda do Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada.