Quando Pequenino

pequenino 300Quando eu era pequenino…

Quando eu era pequenino tinha pai, tinha mãe, tinha avós, tinha carinhos aos molhos e nunca me senti só… era assim nestes anos já distantes, há mais de setenta passadas Primaveras, quando esta foto foi tirada lá no “Monte do Cimo d’Aldeia” na alentejanissima aldeia de Santo Amaro, onde minha mãe nasceu, cresceu e casou, nos meados dos anos trinta, do século passado…Como já tenho escrito noutras crónicas aí passei muito tempo da minha infância, em contacto com o campo, com os animais, com a Natureza, onde criei laços fortes com este mundo, mundo das minhas raízes, que, ainda hoje, me atrai, me prende, me faz sonhar… Havia lá no “Monte” uma égua pequena, uma garrana, a “ Malhadinha”, que teve esta poldra, que aparece na foto, comendo da minha mão uma erva, talvez alguma papoila, dos trigais que cresciam nos terrenos que cobriam os campos envolventes…nessa altura ainda os campos de trigo cresciam neste Alentejo, que tinha que dar trigo para podermos ter alimentos, pois o mundo em guerra, a II Guerra Mundial, não nos poderia ajudar. Nessa altura, quantos meninos da minha idade, desta Europa, eram encaminhados para os campos de concentração, campos de extermínio, onde perdiam a vida, arrastados para lá por aqueles que só queriam uma raça pura…assassinos de um regime que acabou, mas que deixou ainda raízes parasitas em tantos que teimam, ainda hoje, em matar, matar  tantos inocentes que só querem viver em Paz, e fogem de outras guerras e de gente sanguinária que quer instalar o caos. A fome e a sede matam, neste momento, milhares de crianças por esse mundo fora, crianças da idade que eu tinha, quando estendia a mão para dar alimento à poldra malhadinha.

Estamos nesta altura na época natalícia em que se comemora o nascimento de Cristo, em que as famílias se reúnem, trocam prendas, vivem esta data lembrando os que já partiram e vendo na cara dos mais novos uma alegria imensa pelos presentes que recebem, mas quantos há,  neste mundo cão, que não têm uma gota de água pura para beber, uma côdea de pão para comer, um cobertor para se protegerem do frio… É já tempo de reflectir, de parar com o ódio e dar lugar à Esperança, à Solidariedade, ao Amor. Podemos, pelo menos, ter direito ao Sonho, de um Mundo Novo, despoluído, fraterno, onde acabe a fome, a guerra, a discriminação, onde os Homens saibam dar as mãos e ser irmãos…

 

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