Salvador Félix Martins
Gostaria de vos falar um pouquinho de alguém que conheci na Costa Da Caparica, e que muito admirei, para que isso fosse possível conversei com a esposa dele a Dona Deolinda, tentando perceber melhor quem foi realmente Salvador Félix Martins, pai do nosso atual Presidente da Junta de Freguesia, José Ricardo Martins.
O Salvador nasceu na Costa Da Caparica, no Largo Da Coroa, numas casas hoje inexistentes, estando agora nesse lugar, um pequeno jardim e um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Filho do senhor Serafim, cuja alcunha era o “rebenta cavalos”, devido á sua profissão que era a de uma espécie de Almocreve, pois comprava peixe aqui e ali, sempre acompanhado por uma carroça puxada por um cavalo, que ele seguia a pé até Sesimbra e volta e que lhe serviu de treino para a prática de atletismo, que era a verdadeira sua paixão, começando mais tarde a participar em maratonas em nome individual, com a proeza de correr 5 mil metros e os 10 mil metros descalço e em 35 minutos, tendo sido mais tarde chamado a integrar o Sporting, na sua equipa de atletismo.
Foi talvez do pai, que Salvador herdou o gosto pelo desporto, pois desde muito cedo se sentia atraído pela bola, que jogava nos momentos livres na praia e que na altura era feita de trapos.
Acabada a escola, começou a trabalhar num talho, mas todos os momentos que dispunha, eram dedicados a jogar futebol e foi assim que um banhista, que vinha passar os verões á Costa, reparou na sua habilidade e o convidou para integrar a equipa do Benfica, contra os desejos dos pais que queriam que se dedicasse ao amanho da terra nas Terras da Costa. Aceitou o convite e fez parte da equipa principal do Benfica durante 10 anos, vivendo entretanto num lar pertencente ao clube.
Conheceu a Dona Deolinda na Costa da Caparica, onde ela vinha passar as férias de verão, através de amigos, e depressa se apaixonaram, apesar da tenra idade dela: somente 15 anos.
Os encontros de namoro entre os dois aconteciam no verão, aqui na Costa, e durante o resto do ano em Lisboa, onde ela vivia e estudava, na Escola Dona Maria, na Calçada do Combro.
Casaram em 1958, ela com 17 anos e ele com 23. Tiveram 4 filhos.
O Salvador para além da paixão pelo futebol, sempre gostou de leitura e também de escrever e desde cedo escrevia em qualquer pedaço de papel que lhe vinha parar ás mãos. Eram sempre poemas, versos e quadras sobre a sua querida Costa e o Mar.
Foi internacional pelo Benfica, mais tarde pelo clube da CUF e ainda pelo Belenenses. Durante esta época montou uma tabacaria/livraria e entregou a gerência aos irmãos. Mais tarde, expandiu o negócio e chegou a possuir 2 quiosques, 2 tabacarias e um armazém de tabaco.
Chegada a altura de se retirar do campo de futebol, tirou o curso de treinador e treinou algumas equipas, entre elas o Grupo Desportivo dos Pescadores da Costa da Caparica.
A vontade de escrever crescia nele e ia colecionando pedaços de papel com versos que lhe iam nascendo sem aviso e um dia alguém lhe perguntou porque não publicava tudo num livro. Porém, o verdadeiro sonho dele era escrever um livro sobre a sua amada terra, com a qual se preocupava genuinamente, tendo sido muitas as vezes que discutia com as autoridades que a geriam as imensas ideias que tinha, visando a melhoria da sua terra.
Começou então uma febril pesquisa, entre os mais idosos da Costa da Caparica, dos quais recolheu imensas fotos que de bom grado lhe ofereciam, e também na Torre do Tombo.
Nasceu assim o primeiro livro, completamente pago por ele, com o nome de “Lances no Mar Salgado.
Mais tarde publicou um outro com o titulo “Caparica de Outros Tempos” que fez parte de uma coletânea, tencionando ainda publicar um outro livro sobre si mesmo, de nome “Sonho de Menino”.
O Salvador era uma pessoa alegre, otimista, jovial, sempre pronto a ajudar a família e amigos da terra, a qual eram praticamente todos os que aqui nasceram e viviam. Teve ao longo da sua vida amigos conhecidos do mundo da música e do teatro. Tinha uma verdadeira paixão por fado, mas o que mais o emocionava era a Costa que ele via com potencial para se tornar um local de veraneio por excelência e chocava-o o descaso com que a tratavam as autoridades que a governavam.
Adoeceu aos 77 anos com isquemia cerebral com demência progressiva e morreu aos 81 anos sem publicar o seu último livro que conta muito da sua história e que a esposa dele, a Dona Deolinda, faz questão de o fazer em memória do companheiro de muitos e felizes anos com quem manteve uma união de amor e cumplicidade.
ana marques 7 Dezembro, 2014 at 11:42 PM
ola boa noite agradeço o seu comentário e estou disponivel para conversarmos mais sobre esse assunto um beijo
Tantas mais coisas por dizer, deste grande senhor, gostaria que um dia a Dª Ana Marques, tivesse curiosidade de saber…
obrigado.
<3 <3 grande senhor, tanta pena de não ter convivido com ele, tantas coisas ficaram por dizer um ao outro meu Pai…
ola boa noite agradeço o seu comentário e estou disponivel para conversarmos mais sobre esse assunto um beijo