Última Cernelha
Uma foto pouco conhecida do amigo fotografo Carvalho Dias…Costumo chamar a esta pega de cernelha “a última cernelha das nossas vidas”. Na verdade foi a última que eu, com o Simão Comenda a rabejador, fizemos nas nossas vidas, e isso posso afirmar, porque, depois dessa tarde de 5 de Setembro de 1987, já passados quase trinta anos, não voltou, nem volta de certo a acontecer… Foi na praça de toiros de Estremoz, na festa dos 25 anos de alternativa do José Maldonado Cortes, com lotação esgotada, e onde nos fardámos no Grupo da Amizade, formado por forcados já todos retirados. O toiro era da ganadaria de Maria Guiomar Cortes de Moura e foi lidado pelo seu genro, o cavaleiro Paulo Caetano. Deu muita luta e a pega resultou espectacular…
Recordo, ao pensar nesta pega, tantas outras que fiz, desde 1957, nem sempre com o Simão a rabejador, tendo pegado toiros com outros rabejadores, que passo a enumerar: Acácio Moita Pedroso, Joaquim José Capoulas, João Vidigal Pais, Joaquim António Abreu, António Charrua, João Gião Freixo, Victor Capoulas Vacas, João Eduardo Cortes, António Capoulas, Raimundo Badalo, João Arnoso e Costa Pinto, este antes de pegar no Grupo de Montemor.
Além das cernelhas, recordo duas dezenas de pegas de caras e muitas, muitas ajudas, que preencheram a minha passagem pelas arenas, como pegador de toiros.
Dessa tarde de Estremoz, tenho sempre presente a crónica do “Novo Burladero”, que não mais esquecerei, escrita pelo amigo Fernando Marques, hoje companheiro do “Noticias de Arronches”, ambos Alentejanos do concelho de Estremoz.
O tempo passou, talvez depressa demais, e hoje vamos vivendo destas recordações, destes momentos de emoções grandes, muito fortes, que são agora só uma Saudade…uma enorme Saudade, mas como é bom recordar os amigos, muitos deles que já partiram há alguns anos, mas que continuam assim a estar vivos e ao nosso lado.
Antonio José Zuzarte, Costa da Caparica, 11 de Outubro de 2016.