Fusão das escolas da Costa com a do Monte
Conforme a decisão recente do Ministério da Educação, que pode consultar aqui, o Agrupamento Vertical de Escolas da Costa da Caparica e a Escola Secundária do Monte da Caparica foram integrados num único Agrupamento, um dos denominados Mega Agrupamentos.
Antes de mais, é fundamental evitar abordagens bairristas, necessariamente redutoras, que impedem a análise rigorosa e objetiva. Somos todos portugueses, somos do mesmo Concelho, temos de partilhar infraestruturas. Objetivamente, estes dois estabelecimentos escolares têm já uma forte complementaridade, uma vez que já era no Monte que os nossos jovens continuavam os seus estudos, pois o AVECC termina a sua oferta escolar no nono ano. Depois, também objetivamente, já havia descontinuidade geográfica no AVECC, que administra diversas escolas fisicamente implantadas em diferentes locais da freguesia da Costa da Caparica e fora dela, como é o caso da Escola Básica do 1ºciclo com Jardim De Infância de Vila Nova da Caparica, igualmente parte do AVECC.
A questão, para nós, é diferente. A decisão estratégica essencial é se a sede deste Agrupamento será na Costa ou no Monte. Se, com este agrupamento obtivemos a oportunidade de trabalhar com os nossos jovens a nossa cultura, trazendo as suas vivências e os seus percursos à comunidade, integrando-os, estabelecendo essa preciosa ponte, fortalecendo a nossa identidade, agora também ao nível do Secundário, ou se diminuiu essa possibilidade até nas escolas da cidade. Uma outra questão, necessária, é se conseguiremos aproveitar as oportunidades que se nos apresentarem.
É, infelizmente, muito comum passar despercebido o extraordinário valor comunitário de uma escola, pois ultrapassa largamente o valor direto da educação dos jovens – e que já é enorme e essencial.
Se tivermos em conta que uma escola é, antes de mais, uma organização que envolve normalmente uma centena ou mais de pessoas, num país onde mais de 90% das empresas têm menos de 10 trabalhadores, enquadramos melhor a dimensão organizacional de uma escola. No caso do AVECC tem mais de centena e meia de docentes e técnicos especializados. Conhecem alguma organização desta dimensão na Freguesia, com centena e meia de quadros superiores?
Assim, se tivermos em conta que numa escola a maior parte dos trabalhadores é, pelo menos, licenciada, e, finalmente, se tivermos em conta que todo o trabalho educativo se centra no conhecimento e na cultura, então, decerto estaremos também de acordo em considerar a alocação destes recursos de forma muito, muito séria.
Para compreender a essência do valor que temos no AVECC, convido os amáveis leitores a lerem o Projeto Educativo do AVECC (basta clicar aqui) e verificarem com os próprios olhos a qualidade do documento e a sua profundidade. Convido-os a olhar para todas as instituições, públicas ou privadas, e refletir no bem precioso que temos no AVECC.
Não é difícil concluirmos que as nossas escolas constituem um dos bens mais preciosos da comunidade. Basta pensar como são preciosos os nossos filhos. É então natural que prestemos cuidadosa atenção a esta mudança, salvaguardando os melhores interesses de toda a comunidade, da presente e da futura. É essa a essência de qualquer escola, claramente enunciada na Introdução do Projeto Educativo do AVECC com a citação do provérbio africano: “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”.