Eléctricos no Tejo
O contrato para a construção dos 10 barcos eléctricos para reforçar a oferta de transporte fluvial entre Almada e Lisboa já foi assinado entre a Transtejo e o consórcio vencedor do concurso, anunciou, quarta-feira, dia 3, o ministro do Ambiente e da Acção Climática na Assembleia da República.
“Foi assinado pela Transtejo e pelo consórcio vencedor do concurso, na sexta-feira, 29 [de Janeiro], o contrato para a construção dos 10 barcos eléctricos que reforçarão a oferta de transporte fluvial na Área Metropolitana de Lisboa”, disse João Pedro Matos Fernandes perante a comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, acrescentando esperar que os primeiros navios sejam entregues “em Abril de 2022.” O ministro lamentou os “atrasos provocados pela contestação de um concorrente”, lembrando que “o tribunal considerou improcedente a reclamação, podendo assim avançar a assinatura do contrato.” Porém, “falta o visto do Tribunal de Contas para a encomenda avançar”, acrescentou Matos Fernandes, sublinhando que, assim, se concretizará “a principal operação de transporte fluvial de passageiros eléctrica do mundo.”
Ainda em relação ao transporte fluvial, o ministro do Ambiente adiantou que, em 2020, foram intervencionados três catamarãs, passando a sua capacidade de 600 para 700 lugares, acrescentado que, quando os navios vão para manutenção em estaleiro, “procede-se a essa transformação.” De acordo com as palavras de Matos Fernandes encontram-se “em curso ou em fase de lançamento de concurso” obras de requalificação dos terminais do Barreiro e de Cacilhas, com verbas inscritas no Programa de Estabilização Económica e Social.
Em meados de Outubro do ano passado, a Transtejo adjudicou ao estaleiro espanhol Astilleros Gondán, S.A. a aquisição de 10 navios totalmente eléctricos, a partir de 2022, para as ligações entre Lisboa e a Margem Sul do Tejo. Para a empresa de transporte fluvial trata-se de um investimento “numa frota de navios ambientalmente sustentável, dotada de um sistema de propulsão 100 por cento eléctrico, com consumos energéticos inferiores aos dos navios atuais e sem emissões de GEE” indo ao encontro das políticas para a descarbonização. Perante a comissão parlamentar, Matos Fernandes acrescentou que o transporte de “19 milhões de passageiros por ano movidos exclusivamente a electricidade” constitui “a maior operação do mundo” do género.
A adjudicação da encomenda foi feita de acordo com o critério da proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta três factores-chave de avaliação: valia técnica dos navios (45 por cento), preço de aquisição (40 por cento) e o prazo de entrega (15 por cento). Contudo, em 23 de Dezembro, como o Notícias da Gandaia noticiou, os Estaleiros de Peniche impugnaram o concurso da Transtejo relativo à compra destes navios para as ligações entre a Margem Sul e Lisboa, considerando a solução vencedora ambiental e economicamente mais prejudicial e com riscos de acidente eléctrico, o que não foi tomado em conta pelo tribunal quer julgou a acção improcedente.