Garcia de Orta: Crise Continua
A partir de segunda-feira, dia 18, o Hospital Garcia de Orta, em Almada, fica sem urgência pediátrica à noite.
Após meses de deficiente serviço à população, protestos dos médicos, desculpas e justificações da administração daquela unidade hospitalar, a decisão de encerrar a urgência pediátrica foi tomada por Marta Temido, ministra da Saúde, e chegou com o anúncio do alargamento de horário das unidades de saúde da Amora e Rainha Dona Leonor. As más notícias, porém, não ficam por aqui, pois, segundo a administração, a situação só estará eventualmente resolvida “daqui a seis meses”, confirmando informações já divulgadas pela Comissão de Utentes do Seixal, que, na altura, a ministra considerou apenas “uma hipótese ainda em estudo”.
“Face às dificuldades para fazer a escala [de profissionais de saúde no Garcia de Orta], esta é a solução que, tecnicamente, foi estudada como a mais adequada e estável”, afirmou a ministra, em conferência de imprensa, no Ministério da Saúde, em Lisboa. Temido explicou que será ampliado o horário das unidades de saúde da Amora, no concelho do Seixal, e Rainha Dona Leonor, em Almada, que passarão a funcionar das 8:00 às 0:00 horas, nos dias de semana, e das 10:00 às 22:00, nos fins-de-semana, assim dando resposta ao encerramento da urgência pediátrica do hospital. Fora das horas de funcionamento destas duas unidades de saúde, diz a ministra, os utentes devem utilizar a Linha Saúde 24, para que, em caso de situações urgentes, os doentes sejam socorridos pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que deve assegurar o encaminhamento para outros hospitais.
Marta Temido reconhece que esta “não é uma solução ideal, porque é de contingência”, mas considera que a resposta encontrada é a que garante “mais segurança” para os utentes. “É uma solução mais adequada para o propósito de garantir à população uma assistência com regularidade, estável, num período de dificuldade de fixação dos recursos humanos”, acrescentou. Questionada pelos jornalistas sobre a real duração deste encerramento, a ministra da Saúde referiu que “tudo depende da capacidade de captar pediatras e conseguir normalizar o serviço”, acrescentando que quando, em 2018, o hospital abriu quatro vagas para pediatria e, este ano, mais três vagas, apenas um clínico aceitou trabalhar nesta unidade de saúde. A ministra disse ainda que, neste momento, trabalham no Hospital Garcia da Orta 29 pediatras, sendo que, destes, 11 fazem parte da unidade de Neonatologia e, desses, apenas quatro fazem urgências pediátricas.