“Lavagem” da Coreógrafa Alice Ripoll, em Almada

A coreógrafa Alice Ripoll apresenta este fim-de-semana, “Lavagem”, em Almada, um espetáculo que se desdobra em “interpretações poéticas” do título palavra, que vão desde a limpeza do corpo, ao nascimento e à resistência, segundo a criadora.

A obra mais recente da coreógrafa brasileira vai estrear no sábado, às 21h, no edifício da Lisnave, Cacilhas/Almada, repetindo no domingo.

Em estreia nacional em Portugal, depois de ter passado, em digressão, desde julho, por Viena, onde teve estreia mundial, e por festivais na Europa, em cidades como Paris, Lausana, Amesterdão e Hanôver, esta criação prosseguirá para os palcos do Festival de Outono, na capital francesa, e ainda para Genebra e Marselha.

Com a ajuda de baldes, água e sabão, a peça de dança/performance investiga imagens ambivalentes a partir do ato de lavar, com desdobramentos cénicos e históricos observados criticamente, onde os objetos usados se desdobram em múltiplas imagens poéticas de êxodos, travessias, rituais, renascimento e resistência.

A criadora brasileira lança muitas perguntas nesta nova criação: “O que de facto precisa de ser limpo? As casas, a sujidade? Rastos deixados, factos da História? Odores dos fluidos do corpo, quando nos aproximamos?”.

Além do seu significado de limpeza, a palavra “lavagem” também é explorada no significado de sujidade num outro sentido, nomeadamente “lavagem de dinheiro”, uma expressão utilizada para disfarçar a origem ilícita dos valores monetários, ou “lavagem cerebral”, método para controlar e pôr pessoas a pensar de determinada maneira.

O espetáculo, inserido na Bienal de Artes Contemporâneas BoCA, deste ano, tem direção de Alice Ripoll a partir da ideia original de Alan Ferreira.

Nos mesmos dias, também em Almada, mas na Casa da Dança/Ponto de Encontro, Alice Ripoll e os bailarinos, intérpretes e criadores da Companhia REC vão conduzir o `workshop` teórico-prático de dança “Experiências de Criação”, destinado a estudantes e profissionais de dança, teatro, performance, e curiosos em práticas do movimento.

A coreógrafa propõe uma parte teórica onde revela o seu modo de dirigir e coreografar, com a partilha de experiências e de metodologias, e os intérpretes da companhia de dança vão apresentar exercícios práticos de criação e improvisação utilizadas pelo grupo, falando ainda sobre as suas experiências enquanto bailarinos e criadores.

A BoCA — Biennal of Contemporary Arts é uma bienal de artes contemporâneas, dedica-se às linguagens artísticas transdisciplinares, contemplando artes visuais, artes cénicas, performance e música, e decorre até 17 de outubro, em Lisboa, Almada e Faro.

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Jornal da Associação Gandaia

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