Repor Areia e Demolir Casas
O Grupo de Trabalho do Litoralapresentou já o seu Relatório. Este estudo foi referido pelo Professor César de Andrade na sua excelente sessão do passado dia 2, na Gandaia.
Este estudo aponta várias medidas para reduzir o impacto da subida do nível do mar e de outros factores associados às alterações climáticas nas zonas costeiras. Neste processo, designado por “adaptação”, os especialistas sublinham três opções principais, que em muitos casos terão de ser complementares.
Protecção
Esta tem sido a estratégia mais utilizada nas últimas décadas e pode continuar a ser, desde que combinada com outras medidas. No caso das praias entre o Douro e o Cabo Mondego, um dos troços de costa mais críticos em termos de erosão costeira, os autores recomendam a alimentação artificial com 50 milhões de metros cúbicos de areia por década até 2100. Este tipo de intervenção é também apontado como sendo o mais adequado para a zona da Costa da Caparica, embora se admita que possa ser insuficiente no médio e longo prazo. Outra sugestão é a utilização dos sedimentos dragados nas barras e canais de acesso aos portos para alimentar as praias submersas, e ainda a construção de estruturas portuárias destacadas, separadas da linha de costa.
Relocalização
Nas zonas costeiras onde existe risco elevado de galgamento, inundação ou erosão, a resposta prioritária é a demolição das construções existentes e o seu recuo planeado. Para isso, os especialistas recomendam a revisão da Rede Ecológica Nacional, de forma a facilitar a relocalização das casas para fora da zona de risco, nas áreas adjacentes. É recomendada ainda a proibição total de novas construções nas faixas de risco máximo junto às arribas.
Acomodação
A estratégia de acomodação permite aumentar a capacidade das populações para lidar com os impactos da erosão costeira e da subida do nível do mar, sem abandonarem os locais. Como exemplo, os autores apontam a gestão controlada de lagunas, como foi feito na Barrinha de Esmoriz, permitindo a gestão controlada da abertura da lagoa ao mar para minimizar as cheias na área habitada. Incentivar usos sazonais das zonas costeiras e utilizar estruturas móveis ou flutuantes são outras hipóteses.