Uma questão de desporto

Andava há algum tempo para escrever sobre Futebol, das histórias de que me recordo e sobretudo de uma injustiça ocorrida no Benfica no início dos anos 60.

Depois do Benfica ter ganho a 1ª Taça dos Campeões Europeus (no tempo em que só os campeões de cada País da Europa iam aquela competição) apareceu Eusébio e com ele a necessidade de retirar alguém da equipa, para ele entrar na linha avançada.

O então treinador Bella Gutman avisou logo, alguém tem de sair.

O sacrificado foi Santana que jogava na posição de interior direito com o nº 8 nas costas, jogador africano de finíssimo recorte técnico que viveu o resto dos seus dias encostado à maldição do aparecimento de Eusébio no Benfica e infelizmente morreu cedo, depois de semear o perfume do seu valor em campos secundários.

Para quem não sabe, houve um tempo (de que me recordo ainda) em que as equipas tinham 2 defesas, 3 médios e 5 avançados para além do natural Guarda-redes. Aqueles defesas tinham os números 2 e 3 à direita e esquerda, os médios os nºs 4, 5 e 6, sendo o nº 5 o Central que gozava sempre de grande prestígio em cada equipa ou na Seleção Nacional.

Lugar onde pontificaram o Manuel Passos (de que tenho uma memoria mais longínqua) indo até ao Germano de Figueiredo, que terá sido um caso sério de jogador que atuou em todos os sectores nas equipas por onde passou.

Germano foi avançado centro no Atlético depois médio de ataque e finalmente foi defesa central no Benfica e na Seleção, não tendo até deixado de jogar a Guarda-redes, numa célebre final europeia em que Costa Pereira então guarda-redes já perto do final de carreira terá dado um frango de tal monta que envergonhado simulou uma lesão e não havendo substituições na altura foi Germano que se armou em Guarda-redes acabando o jogo sem sofrer golos contra a equipa italiana. Costa Pereira apareceu no Aeroporto de Lisboa em cadeira de rodas, mas perante a aflição da esposa logo se levantou, acalmando-a.

Falta descrever a linha avançada com 2 interiores nºs 8 e 10 como o nome diz mais recuados, e 2 extremos nºs 7 e 11 que acompanhavam o Avançado centro com o nº 9.

Este lugar era igualmente de grande prestígio desde os tempos de Fernando Peyroteo que foi uma autêntica metralhadora de golos servido pelos restantes Violinos na década de 50. Esta linha avançada do Sporting teria feito furor se na época houvesse competições europeias ou Bolas de Prata para o melhor marcador do campeonato.

Percebe-se desta demonstração que a equipa assentava sempre na sua espinha dorsal: Um Guarda-redes, o Médio centro e o Avançado centro.

Voltemos ao Santana. Sempre pareceu a muitos benfiquistas e a mim também, que Santana foi mal dispensado da equipa. É verdade que o Benfica tinha muitos valores, recordo só, que a dada altura e numa convocatória para a Seleção Nacional, o Benfica disponibilizou 13 jogadores, isto é, toda a equipa principal e mais ainda o Serafim e o Yauca que não tinham lugar na equipa.

A entrada de Eusébio parecia fora de causa, mas já houvera necessidade de alterar posição sem a saída da equipa do jogador respetivo, por exemplo, o Cavém que passou de extremo esquerdo a médio e depois para defesa direito sem quebra de valor e mais tarde por alteração do sistema de jogo, quando se passou a jogar por toda a Europa no 4-2-4, foi Coluna quem recuou para a linha média, de novo sem quebra de valor.

Uma das possibilidades era a de Eusébio ter entrado para Avançado centro, talvez apressando a ida de Aguas para a indemnização que o Benfica nunca pagara e que recebeu com a ida para a Áustria no final da carreira na época praticamente seguinte. Mas o prestígio e o passado de Aguas não deixaram.

Dir-se-á então que com isso o Benfica não ficaria com o lugar de Avançado centro bem preenchido, mas esse argumento cai por terra quando se sabe do poderio de Eusébio em qualquer lugar do ataque.

O único senão de tudo isso seria o eventual não aparecimento posterior de Torres se o lugar de Avançado centro estivesse preenchido, ou a não transferência de Jaime Graça para o Benfica já que o seu lugar estaria assim preenchido, eventualmente por Santana, mas qualquer destes Magriços despontaria em qualquer equipa ou lugar no terreno de jogo.

À margem desta história que já vai longa, quero introduzir uma adivinha referente à Seleção Nacional, pois houve um jogador que alinhou em todos os lugares da linha avançada, isto é, tinha sempre lugar na equipa, quaisquer que fossem os seus companheiros com os números 7 a 11. Adivinham quem foi?

 

Mfaleixo em 4/Fev./2012

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